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terça-feira, 20 de novembro de 2012

ARGO ou ri por último quem ri melhor.

Se há coisa que aprecio é a ascensão e queda de uma estrela, seguido  de um brutal comeback. 
Os Bennifer foram o primeiro casal entidade amálgama de Hollywood. Antes dos Brangelina governarem, os Bennifer eram reis e senhores da imprensa mais ou menos colorida.
Jennifer Lopez que fez na sua carreia cinematográfica um único filme digno (Out of Sight) e Ben Affleck uniram-se numa dupla infame cujo poder corrosivo haveria mais tarde por os consumir.
Ben tinha ganho com Matt Damon o oscar de melhor argumento por “O bom rebelde”, era ator fetiche de kevin Smith. Havia bons motivos para simpatizar com a figura, não fossem quase simultâneamente os filmes blockbuster ocos e J-Lo, que lançavam a sua figura no ridículo, no alvo dos tabloides e apresentadores de talk shows americanos. Gigli e Daredevil foram a gota de água.
 Com o desastre de Gigli, kevin tentou na edição do seu filme (Jersey Girl) extirpar Jennifer o mais que pode do final cut do filme, mas não funcionou. Não era cool gostar dos Benifer, havia boas razões para isso, o filme foi cilindrado na critica e ignorado pelo público.
Francamente? Eu não abominei de Jersey Girl. Kevin viria a fazer pior.
O romance entre os dois estava em declínio bem como a carreira de Ben. Separaram-se e Ben reavaliou a sua vida e carreira. Afastou-se do estrelato e ensaiou o seu comeback.
 J-lo haveria  de fazer o mesmo via American Idol mas sem reinvenção posiiva. Apenas limpou a casa e deu as mesmas cartas.
Quando com o seu papel Hollywoodland ganhou o prémio de melhor ator na Berniale não faltaram as piadas. A ironia irresistível. Ben tinha ganho o papel de melhor ator interpretando o papel de um ator canastrão. Claro. Os cínicos de plantão (eu inclusive) logo disseram que ele não podia fazer aquilo mal. Bastava ser ele. Mas o prémio lá estava. Pouco depois, o salto para a realização.
 A surpresa total de  Gone baby gone” junto de público e critica e a confirmação em "The Town” fizeram calar definitivamente o burburinho e escárnio sobre a sua pessoa.
Affleck volta agora com Argo. Um dos melhores filmes do ano. Seco, firme, sem tempo a mais (ou a menos), sem rodriguinhos. Argo conta a história surreal de um agente da Cia que se passa por produtor de cinema para extrair seis americanos escondidos na embaixada do Canadá no Irão. Contextualização histórica bem definida, clara e sem alongamentos desnecessários.
Ben (que desde o seu primeiro filme, sentimos que viu todos filmes de Michael Mann) mostra como se faz um filme de espionagem, baseado numa história verídica, com estilo, atitude e elegância. A gestão da tensão nos momentos finais é brilhante. Apesar da maioria dos espetadores adivinhar o mais que provável final feliz, o filme consegue prender a sua atenção até ao último segundo. A interpretação de Ben é também irrepreensível.
Não será de estranhar a presença do filme nos Oscares. Quem se ri dos Bennifer agora?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SKYFALL ou "A ascensão da vilania gay"

Muito se discute qual é melhor ator Bond. O melhor Bond é o Bond do momento. O Bond de Roger Moore parece-nos hoje pateta e kitch? provavelmente. Mas quantos filmes Bond Roger fez? naquela altura, aquela abordagem fazia todo o sentido. Assim, hoje, este Daniel Bond é o ideal.
O Bond de Daniel Craig é direto, duro e incisivo, portanto vamos ser prátcos. As más noticias? o génerico inicial é um dos mais desinteressantes da série, a música da Adele não sendo má, fica bem atrás de muitas do historial da franquia e o pior, o realizador resolve telegrafar o final do filme logo no inicio. Francamente. Pôr o ator Ralph Fiennes a interpretar uma personagem cujo o nome começa pela letra "M" a falar com a histórica "M" (Judi Dench) sobre a possível reforma desta? Quem não adivinhou o que ia acontecer? e quem disse que isso era uma boa ideia? Pôr um homem no lugar de M não me agrada minimamente. Com a troca de género, a dinâmica e quimica entre M e Bond fica completamente alterada nos filmes futuros.
 
As boas noticias é que apesar desse amargo de boca, o filme increve-se seguramente num dos melhores Bond de sempre.
A assinatura do consagrado Sam Mendes se faz notar na elegância dos planos e realização segura. Lembram-se da montagem confusa das cenas de ação de Quantum of  Solace? a desilusão que foi Marc Forster quase fica esquecida, com a pérola que é este filme.
 
Cenas de ação empolgantes, personagens carismáticos, piscadelas várias ao passado e aprofundamento da persona Bond, fazem deste filme um prato cheio para fãs xiitas e simultaneamente, completamente acessível ao público genérico.
 
Javier Bardem. Por toda a internet todos louvam a sua personagem e a sua prestação no filme. O que é merecedor (como se não soubessemos já o excelente ator que é). Mas muitas opiniões referem que o seu personagem "Silva", exuberante e afetado, não encaixa em pleno neste novo Bond de humor seco e com uma abordagem realista. Acho isso profundamente idiota. Aparente no cinema ou na TV personagens gays não podem ser vilões. Ou são boas pessoas ou como na maioria dos casos, são simplesmente o alívio cómico estereotipado. Todos os gays ou bissexuais são simplemente por existitirem, boas pessoas?  Isso é realista? É extremamente discriminatório que na ficção, os personagens gay não possam ser também sociopatas ou quiça, genocidas.
E isso leva-nos a uma das melhores cenas do filme, onde em conversa com Silva, Bond (que sempre vimos quase como um womanizer) revela-se...como hei de dizer isto sem configurar um spoiler... Enfim. Descobrimos que Bond é afinal um 2,5 nas escala de Kinsey. E sim. Isso é muito realista.
Nas mãos de Sam Mendes, Craig faz seu Bond brilhar mais do que nunca, mostrando-se mais humano e menos heroi. É apenas um homem a fazer o seu trabalho. E fica bem claro: "ele é o melhor naquilo que faz".

sábado, 13 de outubro de 2012

Looper ou o princípio do fim




Viagens no tempo e futuros alternativos. Distopias. Dores de cabeça e mais do mesmo. Aparentemente, mas talvez não. Confuso? este género de filme costuma ser. Este especificamente até não. Basicamente um "Eu" futuro volta ao passado para garantir que o seu "eu" presente tenha o futuro que supostamente deveria ter. Claro que tudo envolvido nos habituais paradoxos temporais no melhor estilo "se eu viajar no passado e matar o meu "eu" como é que poderia ter viajado do futuro para o presente se estava morto?" ou ainda o velho cliché de matar o Hitler quando ele ainda é criança.
 
Mas o filme não perde tempo em deambulações morais. Os personagens são pragmáticos e fazem aquilo que têm de fazer, ou seja, outro lugar comum - "os fins justificam os meios".
No meio de tantos clichés só pode haver uma solução: reinventá-los. Mais diversão e menos explicação. Funciona. Em outras palavras, isto não é Inception (não que houvesse alguma coisa de errado com isso). 
 
A narrativa é circular (em loop) mas o fim gera um novo inicio e capta a atenção do espetador do princípio ao fim.
Uma excelente confirmação de talentos para quem quer se afirmar (Gordon, Blunt e o realizador Rian Johnson), mostram que vieram para ficar. Rian e Joseph já trabalharam juntos no muito curioso "Brick" e a dupla volta a brilhar. Se com Rian a cautela estava sobre aviso graças ao seu decepcionante último filme (Irmãos Bloom), J. Gordon-Levitt parece cada vez mais um daqueles atores com que sempre podemos contar. Como eu era extremamente fã da série 3rd Rock from the Sun (e como foi penoso o último episodio...) segui a sua carreira sempre com atenção e tem realmente valido a pena. (500) Dias com Ela, Mysterious Skin, Hesher ou 50/50 (um dos melhores bromances já feitos).
A realização eficiente, um roteiro que tenta fugir a lugares comuns por onde pode, um elenco talentoso (Emily Blunt brilha por todos os poros e um Bruce Willis em piloto automático a contento)  fazem deste filme um dos melhores do ano. Repetitivo? Não, em loop e repetitivo é a tua tia.
 


Título original: LOOPER
Realização: Rian Johnson
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Bruce Willis, Emily Blunt, Jeff Daniels
Género: Acção / Ficção científica

terça-feira, 2 de outubro de 2012

DREDD 3D ou "A lei do quero, posso e mando".


Distopia. Desde criança que o cinema e a literatura me entopiu de possiveis futuros distópicos. A ficção bem que avisou que o futuro não ia ser bonito. De maneira que este presente depressivo na verdade não deveria surprender ninguém. Talvez não sejamos controlados por robôs maquinados, mas o capitalismo desenfreado, a perda de humanismo, o Big Brother quotidiano, a descrença política, o medo, as revoltas, a paranoia...sentimo-nos governados por pequenos ditadores, ladrões, incompetentes. Alienação social. Sentimo-nos controlados por defeituosos robôs humanos.
 
Dredd 3D (interpretado pelo quase anónimo talentoso Karl Urban) apresenta-nos mais uma visão infernal do futuro. O crime impera e a lei é impiedosa e brutal. Novidades? nenhumas. A diferença é que com este presente, aquele futuro já não parece tão distante.
Por todos os motivos acima descritos é natural que este tipo de personagens acentes em filosofias de justiça pragmática, conquiste cada vez mais um público desiludido com o sistema real.
A narrativa do filme é tão básica e rasa que considero a sinopse, por si só, um spoiler.  Previsivel? completamente. Mas nem por isso o filme é menos divertido. E sobretudo consistente (e estamos a falar de um filme de super-heróis...).
A transposição da BD para o grande ecrã não trai o personagem, cuja violência nunca é suavizada e cuja cara nunca conhecemos. O que provavelmente não valeria a pena. A sua verdadeira face é a da lei. Implacável.
  
Câmara lenta abusiva da paciência do espetador?  sim, mas funciona e aqui gostei. Naquele universo, com aquela fotografia decadentemente estilizada, as mortes lentas Bruckeimizadas, parecem parte de um quadro à parte com sentido abusido e portanto são consentidas pelo espectador.
A somar a irrepreensivel banda sonora (Paul Leonard-Morgan) que vale por si só e acrescenta real valor ao filme.
 
De positivo salienta-se também o 3D de facto a funcionar como recurso técnico e visual complementar da narrativa e não um mero acessório dispensável para fazer encarecer o bilhete (Thor, Capitão América...).
Consta que o filme teve vários problemas com a sua produção/realização. Nada disso felizmente se nota. Alex Garland (argumentista de vários filmes de Danny Boyle, do brilhante "Never let me go" de Mark Romaneck e de um dos meus livros favoritos "O Tesseract") escreveu o roteiro que agora todos dizem ser um plágio do filme "The Raid". Se for, vivo bem com isso.
Dredd é um bom filme entretenimento com os paralelismos reais que cada um pode ou não fazer. Ação e escapismo inteligente.
Assim sendo, o conto passado com Sylvester Stallone é remetido para canto com sucesso.
Dredd embora faça parte de um sistema judicial extremo, acaba por fazer justiça pelas próprias mãos. O que nos dias que correm é cada vez mais tentador. Afinal ele é o sistema. A lei, juiz e executor. O provável idolo infantil do Capitão Nascimento se este tivesse tido infância.


Título original: DREDD 3D
Realização: Pete Travis
Elenco: Karl Urban, Lena Headey, Olivia Thirlby, Santi Scinelli, Brandon Livanos, Langley Kirkwood, Jason Cope
Género: Acção / Ficção científica

sábado, 22 de setembro de 2012

Quem tem medo de palíndromos ou "Para Roma com Amor".

O prazer da rotina. Todos os anos Woody Allen lança um filme. É algo com que sempre podemos contar. Nestes tempos volúveis onde nada parece garantido, essa certeza de podermos cumprir com um prazer costumeiro tradicional simples, como ir ver  "o Allen deste ano" é reconfortante.
Sim, eu sei. Quantidade não é qualidade. Mas Allen fez algum filme verdadeiramente mau?
Certo é que há muito embarcou numa mediania que é pontuada ocasionalmente com lampejos do brilhantismo de outrora, como no filme do ano passado "Midnight in Paris" ou "Match Point" de 2005. Já ninguém espera que Allen lance uma obra prima. Apenas que revisite o seu particular universo paranoico a que nos habituou e francamente, não há nada de errado nisso.
Muda mais o cenário onde se passa a ação do enredo, do que propriamente as personagens. Londres, Paris, Barcelona ou qualquer outra cidade europeia, em que o realizador consiga financiamento para filmar. Não que isso seja propriamente um problema. Afinal os relatos de amores não correspondidos, personagens caricatos e obsessivos ou a observação da comédia do quotidiano são temas universais.
Neste "To Rome with love", quatro histórias se passeiam por Roma. Um anónimo cidadão torna-se famoso por ser famoso (Roberto Benigni). Jack um jovem arquitecto apaixona-se pela amiga da namorada (Jesse Eisenberg). Um jovem casal suburbano na grande cidade (Alessandro Tiberi /Alessandra Mastronardi) vê-se enredado em mil confusões que os tenta separar. Um agente artístico reformado (Woody Allen) tenta converter um agente funerário na mais nova coqueluche da música operática.
John (Alec Baldwin) surge como consciência conselheira, a tentar sem sucesso iluminar as ideias confusas do jovem arquitecto. John surge no ecrã ora como personagem presente e integrante do enredo que dialoga com os restantes personagens ora como conselheiro na mente de Jack. Um recurso aparentemente confuso, mas divertido e funcional.
A partir daqui vários gags resultam, o filme prende sempre a atenção do espectador com as suas personagens caricatas, situações surreais, humor inteligente, as eternas dúvidas sobre o amor e claro, Penélope Cruz. 
Temos então um Allen em piloto automático mas em boa forma. Bem superior a filmes recentes do autor como "You Will Meet a Tall Dark Stranger" ou "Cassandra's Dream", que mostravam um autor desinspirado.
O filme é sem dúvida um dos mais belos cartões postais que alguma vez se fizeram de Roma. As ruas, os monumentos. Allen faz-nos apaixonar por esta cidade. Chega a parecer exagerado e nada subtil, como que a gritar "venham a Roma", constantemente ao ouvido e olhos do espectador. Sim. Nós sabemos que alguém teve de pagar a conta do filme e Roma tem de ser "vendida". Mas deixemo-nos de cinismos e abracemos a "Dolce Vita", como de resto fazem todos os personagens do filme. Um cliché? provavelmente, afinal "em Roma sê romano".
 


Título original: «To Rome with Love»
Realização: Woody Allen
Elenco: Alec Baldwin, Ellen Page, Ornella Muti, Penélope Cruz, Roberto Benigni e Woody Allen
Género: Comédia

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da Coreia do Sul com amor - Parte II: "War of the Arrows"

Robin dos Bosque? Guilherme Tell? Esqueçam. Os derradeiros mestres do arco e flecha são coreanos e não ingleses ou suiços.
Dois irmãos, filhos de um suposto traidor do Rei, escapam do massacre que destrói toda a sua família e clã. São escondidos e acolhidos por um clã amigo. O irmão mais velho vive deprimido e assombrado pelo passado do pai traidor e pela promessa que lhe fez de proteger a irmã, nunca se sentindo verdadeiramente integrado na nova família.
Anos mais tarde durante o casamento da irmã, o massacre repete-se. Todos são capturados ou mortos, com a exceção do irmão herói que empreende uma missão de busca e resgate da irmã.
Cliché? Sem dúvida. Todos os lugares comuns, do herói amargurado com promessas por cumprir e sentimentos de culpa, são telegrafados.

Mas só por que a originalidade não mora aqui, isso não quer que o filme não seja divertido. Afinal os lugares comuns também falam verdade, pois também é vulgar dizer-se que todas as histórias já foram contadas e o que interessa não é tanto o que se diz, mas como se diz.
Se a primeira parte do filme é um pouco irregular e a previsibilidade até chateia, quando o filme realmente arranca, a ação nunca pára,  bem coreografada, encadeada e com sentido absoluto de ritmo, deixando o espetador respirar nos momentos certos. O filme caminha para o seu final num crescendo empolgante e extremamente funcional. 

Arte marciais? Cenas de luta corpo a corpo muito elaboradas? Nada disso. Tudo se resume à mestria do arco e é realmente impressionante como conseguiram imprimir tanto entusiamo e tanta tensão numa arma tão primitiva.
O filme funciona por isso mesmo. O realizador (Kim Han-min) filma de forma belíssima e inteligente as cenas de perseguição e disparo do arco, retirando a música em momentos chave, perminto ao espetador ouvir e quase sentir a tensão do arco estendido nas mãos do atirador, fazendo da matança um bailado muito agradável de se ver.
Em suma, a Coreia do Sul volta a marcar no placar e a provar (como se fosse preciso) que Chan-wook Park ou kim ki duk  não são os únicos trunfos do seu cinema.
 
 
War of the Arrows
De: Kim Han-min
Com: Park Hae-il, Moon Chae-wonm, Ryoo Seung-ryong
Género: Drama/Ação
Classificacao: M/12

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Da Noruega com Amor: "Oslo, 31 de Agosto"

O que fazer quando o espaço em volta não nos diz nada? Quando não nos pertence? 
 
Oslo, 31 de Agosto narra a história de Anders, um jovem adulto de trinta e quatro anos, que se encontra na fase final de tratamento numa clinica de reabilitação para toxicodependentes.
 
Anders tenta, com diferentes graus de sucesso, reencontrar os velhos amigos e familia depois da larga temporada na clínica. Mas será que Anders esteve alguma vez integrado na sua micro-sociedade?
O filme mostra como todo o universo em redor de Anders mudou por causa da sua condição. Os pais, os amigos, a namorada e quanto eles estão ou não dispostos a aceita-lo de volta ao seu convívio.
 
A fotografia do filme é belíssima e faz a cidade de Oslo brilhar mas ao mesmo tempo reafirma a universalidade daquela história que se poderia passar em qualquer lugar.
 
O realizador Joachim Trier é hábil ao inserir o espectador no universo do seu protagonista.
A câmara surge várias vezes como que a espiar Anders. Por cima do ombro de outro residente numa sessão na clínica ou por detrás de uma árvore no parque, assistimos ao lento morrer dos dias do protagonista quase in loco. Como cúmplices da cena. A fotografia fria e cinzenta e a banda-sonora lenta e melancólica (Daft Punk; Desire) só nos empurra ainda mais para dentro do filme e daquela vida.
 
Anders sente-se sozinho no meio da multidão. Em festas, cafés... ouve os quotidianos dos que o rodeia, tenta integrar-se num espaço em que provavelmente nunca se sentiu confortável.
Anders Danielson Lie é o ator principal que representa no ecrã um outro Anders, numa interpretação tão crua quanto verdadeira. Emociona pela sua candura e sinceridade.

O filme, que prova mais uma vez que nem só de bacalhau vive a Noruega, ainda tem tempo para uma rápida citação de "Mad Men", onde pelos vistos, até na Noruega faz mossa.
O final não faz cedências ao espetador e acaba com tem de acabar. No fim o protagonista está como no inicio. Só. Mas no final não estamos todos?
Um dos melhores filmes do ano e sério candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
 
 

Oslo, 31 de Agosto
De: Joachim Trier
Com: Anders Danielsen Lie, Hans Olav Brenner, Ingrid Olava
Género: Drama
Classificacao: M/12

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Grandes Heróis Marvel # 4 e 5 - X-FORCE: Sexo + Violência

 
Dificilmente podemos julgar toda uma obra a partir do título. Esta é uma exceção. Nos números 4 e 5 de GHM (edição da Panini Comics), sexo e violência escorrem por todas as páginas.Ok. Bem mais o segundo caso que o primeiro, mas a tónica realmente assenta nesses dois vetores de imediato apelo. Se isso é mau? Como diria Jack Estripador "vamos por partes".
 
A partitura é escrita a duas mãos, Craig Kyle e Chris Yost. Dupla conhecida pela sua carreira na X-Force. Os desenhos ficam a cargo de Gabriele Dell'Otto (de "Guerra Secreta", saga bastante importante na cronologia marvel, escrita por B.M. Bendis, mas muito pouco referenciada).
 
Se o texto é escorreito e despretencioso, a arte é brilhante e por si só valeria a edição. Felizmente as desventuras de Dominó e Wolverine (o resto da equipa aqui é apenas secundária) divertem pelos seus diálogos ácidos, pela quimica entre personagens e consequente empatia com o leitor.
Se as cenas de sexo parecem forçadas? considerando os personagens que são, eu não esperava grandes romantismos. O pragmatismo aliado à condição humana de que somos apenas carne e ossos ou no caso, mutantes.
Assim sendo,  não estamos a falar propriamente de Shakespeare.
Dominó envolve-se com a Liga de Assassinos e sua lider, a ex esposa de Gambit,  Belladonna. Surgem mais alguns personagens e confrontos surpresa e sobra para Wolverine e companhia salvar o dia. Tudo regado com diálogos rápidos e eventual sexo.
 
Os comics também são isto. Entretenimento puro sem pretensões a ensinar o que quer que seja. E quando é feito assim, com boa dinâmica de ação e transição de quadros, a leitura é um prazer.
 
O mesmo não se pode dizer do inicio do arco "Xenogênese" (em GHM #5), escrito por Warren Ellis (Authority, Planetary) e com arte de Kaare Andrews (Gen13, Homem Aranha).
Os X-Men são contatados por T'challa, para investigarem vários casos estranhos de nascimentos de bebés, aparentemente mutantes (na maioria dos casos o gene mutante só desperta na puberdade).
 
A partir desta premissa, os diálogos entre os personagens discorrem em chorrilhos e clichés básicos sobre os vários governantes das nações africanas e sobre o próprio povo.
É estranho ver alguém com o curriculo de Ellis, escrever de forma tão vulgar e desinspirada, em constante "in your face" com o leitor, num panfletarismo rídiculo.
Mas se o texto é fraco e a ação não desenvolve, os desenhos deixam francamente a desejar. Ainda que se releve alguns problemas de anatomia, Andrews é particularmente mau a desenhar os rostos das personagens femininas (com destaque para Armadura e Emma).
Espero francamente que os autores no próximo número elevem a fasquia, pois até ao momento é francamente dispensável.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Da Coreia do Sul com amor.

A Coreia do Sul é dos países mais badalados dos ultimos tempos. Seja através da sua vibrante indústria cinematográfica ou pela famigerada K-POP, um burburinho cada vez mais alto, põe este país sob os holofotes, liderando assim o buzz azeiteiro do momento.
Se os LMFAO matariam, os BEP patrocinariam um massacre, para estarem por detrás deste fenómeno.
"Gangnam Style" é o nome do hit coreográfico coreano de que todos falam. De Sidney a Nova Iorque, as flashmobs em torno desta música multiplicam-se, bem como os cada vez mais artistas (Nelly Furtado, Wanted...) que referenciam a demoníaca canção.
O seu autor, PSY, já era uma estrela pop no seu país mas agora que o video de seu maior hit ultrapassou as 100 milhões de visualizações e co-apresentou os MTV VMA deste ano, SPY é o novo Deus de Seul.
SPY sem dúvida merece pontos extra, por usar o seu humor e inteligência na criação destes movimentos quase satânicos que parecem paridos de um cruzamento entre a "Macarena" e um cavalo. Heresia? digo-vos que não. Considero a conciliação entre o hipismo e a dança uma solução de vanguarda que pode abrir novos horizontes no mundo performático.

 
Mas coincidentemente, no cinema, a Coreia do Sul também está na berra pois um seus mais famosos realizadores Kim Ki-Duk (Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera) ganhou este ano o Leão de Ouro pelo seu novo filme "Pietá". Kim é um cineasta de qualidade irregular. Aguardo pelo novo filme com a devida cautela.
Em suma mantenham os coreanos do sul da mesma maneira que estes mantêm os coreanos do norte. Debaixo de olho em bico.
 
 
 

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