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terça-feira, 2 de outubro de 2012

DREDD 3D ou "A lei do quero, posso e mando".


Distopia. Desde criança que o cinema e a literatura me entopiu de possiveis futuros distópicos. A ficção bem que avisou que o futuro não ia ser bonito. De maneira que este presente depressivo na verdade não deveria surprender ninguém. Talvez não sejamos controlados por robôs maquinados, mas o capitalismo desenfreado, a perda de humanismo, o Big Brother quotidiano, a descrença política, o medo, as revoltas, a paranoia...sentimo-nos governados por pequenos ditadores, ladrões, incompetentes. Alienação social. Sentimo-nos controlados por defeituosos robôs humanos.
 
Dredd 3D (interpretado pelo quase anónimo talentoso Karl Urban) apresenta-nos mais uma visão infernal do futuro. O crime impera e a lei é impiedosa e brutal. Novidades? nenhumas. A diferença é que com este presente, aquele futuro já não parece tão distante.
Por todos os motivos acima descritos é natural que este tipo de personagens acentes em filosofias de justiça pragmática, conquiste cada vez mais um público desiludido com o sistema real.
A narrativa do filme é tão básica e rasa que considero a sinopse, por si só, um spoiler.  Previsivel? completamente. Mas nem por isso o filme é menos divertido. E sobretudo consistente (e estamos a falar de um filme de super-heróis...).
A transposição da BD para o grande ecrã não trai o personagem, cuja violência nunca é suavizada e cuja cara nunca conhecemos. O que provavelmente não valeria a pena. A sua verdadeira face é a da lei. Implacável.
  
Câmara lenta abusiva da paciência do espetador?  sim, mas funciona e aqui gostei. Naquele universo, com aquela fotografia decadentemente estilizada, as mortes lentas Bruckeimizadas, parecem parte de um quadro à parte com sentido abusido e portanto são consentidas pelo espectador.
A somar a irrepreensivel banda sonora (Paul Leonard-Morgan) que vale por si só e acrescenta real valor ao filme.
 
De positivo salienta-se também o 3D de facto a funcionar como recurso técnico e visual complementar da narrativa e não um mero acessório dispensável para fazer encarecer o bilhete (Thor, Capitão América...).
Consta que o filme teve vários problemas com a sua produção/realização. Nada disso felizmente se nota. Alex Garland (argumentista de vários filmes de Danny Boyle, do brilhante "Never let me go" de Mark Romaneck e de um dos meus livros favoritos "O Tesseract") escreveu o roteiro que agora todos dizem ser um plágio do filme "The Raid". Se for, vivo bem com isso.
Dredd é um bom filme entretenimento com os paralelismos reais que cada um pode ou não fazer. Ação e escapismo inteligente.
Assim sendo, o conto passado com Sylvester Stallone é remetido para canto com sucesso.
Dredd embora faça parte de um sistema judicial extremo, acaba por fazer justiça pelas próprias mãos. O que nos dias que correm é cada vez mais tentador. Afinal ele é o sistema. A lei, juiz e executor. O provável idolo infantil do Capitão Nascimento se este tivesse tido infância.


Título original: DREDD 3D
Realização: Pete Travis
Elenco: Karl Urban, Lena Headey, Olivia Thirlby, Santi Scinelli, Brandon Livanos, Langley Kirkwood, Jason Cope
Género: Acção / Ficção científica

2 comentários:

  1. Assisti e gostei, me divertiu e fui entretido. O melhor de tudo? O filme anterior nunca mais será lembrado, Viva o reboot!

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  2. O filme é isso tudo e, não fosse a baixa bilheteira mundial, não me admiraria começar a ver capacetes do Dredd nas manifestações contra a injustiça social. Modos que a substituir as máscaras do V. Este Dredd é mais brutal, real e reflecte melhor o sentimento geral, justiça para todos, não importa quem.

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