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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SKYFALL ou "A ascensão da vilania gay"

Muito se discute qual é melhor ator Bond. O melhor Bond é o Bond do momento. O Bond de Roger Moore parece-nos hoje pateta e kitch? provavelmente. Mas quantos filmes Bond Roger fez? naquela altura, aquela abordagem fazia todo o sentido. Assim, hoje, este Daniel Bond é o ideal.
O Bond de Daniel Craig é direto, duro e incisivo, portanto vamos ser prátcos. As más noticias? o génerico inicial é um dos mais desinteressantes da série, a música da Adele não sendo má, fica bem atrás de muitas do historial da franquia e o pior, o realizador resolve telegrafar o final do filme logo no inicio. Francamente. Pôr o ator Ralph Fiennes a interpretar uma personagem cujo o nome começa pela letra "M" a falar com a histórica "M" (Judi Dench) sobre a possível reforma desta? Quem não adivinhou o que ia acontecer? e quem disse que isso era uma boa ideia? Pôr um homem no lugar de M não me agrada minimamente. Com a troca de género, a dinâmica e quimica entre M e Bond fica completamente alterada nos filmes futuros.
 
As boas noticias é que apesar desse amargo de boca, o filme increve-se seguramente num dos melhores Bond de sempre.
A assinatura do consagrado Sam Mendes se faz notar na elegância dos planos e realização segura. Lembram-se da montagem confusa das cenas de ação de Quantum of  Solace? a desilusão que foi Marc Forster quase fica esquecida, com a pérola que é este filme.
 
Cenas de ação empolgantes, personagens carismáticos, piscadelas várias ao passado e aprofundamento da persona Bond, fazem deste filme um prato cheio para fãs xiitas e simultaneamente, completamente acessível ao público genérico.
 
Javier Bardem. Por toda a internet todos louvam a sua personagem e a sua prestação no filme. O que é merecedor (como se não soubessemos já o excelente ator que é). Mas muitas opiniões referem que o seu personagem "Silva", exuberante e afetado, não encaixa em pleno neste novo Bond de humor seco e com uma abordagem realista. Acho isso profundamente idiota. Aparente no cinema ou na TV personagens gays não podem ser vilões. Ou são boas pessoas ou como na maioria dos casos, são simplesmente o alívio cómico estereotipado. Todos os gays ou bissexuais são simplemente por existitirem, boas pessoas?  Isso é realista? É extremamente discriminatório que na ficção, os personagens gay não possam ser também sociopatas ou quiça, genocidas.
E isso leva-nos a uma das melhores cenas do filme, onde em conversa com Silva, Bond (que sempre vimos quase como um womanizer) revela-se...como hei de dizer isto sem configurar um spoiler... Enfim. Descobrimos que Bond é afinal um 2,5 nas escala de Kinsey. E sim. Isso é muito realista.
Nas mãos de Sam Mendes, Craig faz seu Bond brilhar mais do que nunca, mostrando-se mais humano e menos heroi. É apenas um homem a fazer o seu trabalho. E fica bem claro: "ele é o melhor naquilo que faz".

sábado, 13 de outubro de 2012

Looper ou o princípio do fim




Viagens no tempo e futuros alternativos. Distopias. Dores de cabeça e mais do mesmo. Aparentemente, mas talvez não. Confuso? este género de filme costuma ser. Este especificamente até não. Basicamente um "Eu" futuro volta ao passado para garantir que o seu "eu" presente tenha o futuro que supostamente deveria ter. Claro que tudo envolvido nos habituais paradoxos temporais no melhor estilo "se eu viajar no passado e matar o meu "eu" como é que poderia ter viajado do futuro para o presente se estava morto?" ou ainda o velho cliché de matar o Hitler quando ele ainda é criança.
 
Mas o filme não perde tempo em deambulações morais. Os personagens são pragmáticos e fazem aquilo que têm de fazer, ou seja, outro lugar comum - "os fins justificam os meios".
No meio de tantos clichés só pode haver uma solução: reinventá-los. Mais diversão e menos explicação. Funciona. Em outras palavras, isto não é Inception (não que houvesse alguma coisa de errado com isso). 
 
A narrativa é circular (em loop) mas o fim gera um novo inicio e capta a atenção do espetador do princípio ao fim.
Uma excelente confirmação de talentos para quem quer se afirmar (Gordon, Blunt e o realizador Rian Johnson), mostram que vieram para ficar. Rian e Joseph já trabalharam juntos no muito curioso "Brick" e a dupla volta a brilhar. Se com Rian a cautela estava sobre aviso graças ao seu decepcionante último filme (Irmãos Bloom), J. Gordon-Levitt parece cada vez mais um daqueles atores com que sempre podemos contar. Como eu era extremamente fã da série 3rd Rock from the Sun (e como foi penoso o último episodio...) segui a sua carreira sempre com atenção e tem realmente valido a pena. (500) Dias com Ela, Mysterious Skin, Hesher ou 50/50 (um dos melhores bromances já feitos).
A realização eficiente, um roteiro que tenta fugir a lugares comuns por onde pode, um elenco talentoso (Emily Blunt brilha por todos os poros e um Bruce Willis em piloto automático a contento)  fazem deste filme um dos melhores do ano. Repetitivo? Não, em loop e repetitivo é a tua tia.
 


Título original: LOOPER
Realização: Rian Johnson
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Bruce Willis, Emily Blunt, Jeff Daniels
Género: Acção / Ficção científica

terça-feira, 2 de outubro de 2012

DREDD 3D ou "A lei do quero, posso e mando".


Distopia. Desde criança que o cinema e a literatura me entopiu de possiveis futuros distópicos. A ficção bem que avisou que o futuro não ia ser bonito. De maneira que este presente depressivo na verdade não deveria surprender ninguém. Talvez não sejamos controlados por robôs maquinados, mas o capitalismo desenfreado, a perda de humanismo, o Big Brother quotidiano, a descrença política, o medo, as revoltas, a paranoia...sentimo-nos governados por pequenos ditadores, ladrões, incompetentes. Alienação social. Sentimo-nos controlados por defeituosos robôs humanos.
 
Dredd 3D (interpretado pelo quase anónimo talentoso Karl Urban) apresenta-nos mais uma visão infernal do futuro. O crime impera e a lei é impiedosa e brutal. Novidades? nenhumas. A diferença é que com este presente, aquele futuro já não parece tão distante.
Por todos os motivos acima descritos é natural que este tipo de personagens acentes em filosofias de justiça pragmática, conquiste cada vez mais um público desiludido com o sistema real.
A narrativa do filme é tão básica e rasa que considero a sinopse, por si só, um spoiler.  Previsivel? completamente. Mas nem por isso o filme é menos divertido. E sobretudo consistente (e estamos a falar de um filme de super-heróis...).
A transposição da BD para o grande ecrã não trai o personagem, cuja violência nunca é suavizada e cuja cara nunca conhecemos. O que provavelmente não valeria a pena. A sua verdadeira face é a da lei. Implacável.
  
Câmara lenta abusiva da paciência do espetador?  sim, mas funciona e aqui gostei. Naquele universo, com aquela fotografia decadentemente estilizada, as mortes lentas Bruckeimizadas, parecem parte de um quadro à parte com sentido abusido e portanto são consentidas pelo espectador.
A somar a irrepreensivel banda sonora (Paul Leonard-Morgan) que vale por si só e acrescenta real valor ao filme.
 
De positivo salienta-se também o 3D de facto a funcionar como recurso técnico e visual complementar da narrativa e não um mero acessório dispensável para fazer encarecer o bilhete (Thor, Capitão América...).
Consta que o filme teve vários problemas com a sua produção/realização. Nada disso felizmente se nota. Alex Garland (argumentista de vários filmes de Danny Boyle, do brilhante "Never let me go" de Mark Romaneck e de um dos meus livros favoritos "O Tesseract") escreveu o roteiro que agora todos dizem ser um plágio do filme "The Raid". Se for, vivo bem com isso.
Dredd é um bom filme entretenimento com os paralelismos reais que cada um pode ou não fazer. Ação e escapismo inteligente.
Assim sendo, o conto passado com Sylvester Stallone é remetido para canto com sucesso.
Dredd embora faça parte de um sistema judicial extremo, acaba por fazer justiça pelas próprias mãos. O que nos dias que correm é cada vez mais tentador. Afinal ele é o sistema. A lei, juiz e executor. O provável idolo infantil do Capitão Nascimento se este tivesse tido infância.


Título original: DREDD 3D
Realização: Pete Travis
Elenco: Karl Urban, Lena Headey, Olivia Thirlby, Santi Scinelli, Brandon Livanos, Langley Kirkwood, Jason Cope
Género: Acção / Ficção científica
 

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